Diário #2 de "Senhor Esquisito"
Me sinto tonto.
Não irei mais a médico algum, fazer o que quer que seja. A não ser que eu esteja realmente ruim. Quase morrendo.
Com certeza foi a chuva. Ou a noite mal dormida. Ou o que quer que seja... O que quer que seja faz meu pescoço suar, minha cabeça flutuar e meus sentidos se retraírem para um imenso mundo próprio. De meus próprios devaneios...
Estou doente? Sou um doente. Essas situações de experiência própria, solitária, me fazem sentir descolado da realidade. Isso me gera um desespero. E, aliado a este desespero, a já citada sensação solitária, de realidade única e própria, leva-me à certa insensibilidade...
De que maneira eu poderia "melhorar"?
Tenho visto muitos exemplos nos jornais. Ora, o que sou eu senão um mero delinquentezinho egoísta? Ah, sim... Sim... Justa ou injustamente, sinto-me injustiçado; mas, um dia, talvez eu odeie o mundo com coragem suficiente para mostrar que eu, um exemplo de cidadão, sou pior do que essa ralé toda. Assaltar pessoas? Bater nelas? Intimidá-las com minha faca ou meu revólver?
Hahahahaha... Não, não, não. Isso não é para mim. Eu posso fazer coisas muito... Muito...
Ó mundo! Como eu queria ter já esta coragem suficiente! Como seriam longas minhas noites de prazer latejante: no qual eu me sentiria vivo, satisfeito e saciado de justiça...
Mas, por enquanto, resta-me apenas esta cama, este quarto e o resto da noite para dormir e eliminar esta sensação de tontura em meu cérebro.
Espero acordar menos alheio e mais meu... Talvez mais nosso, Mundo.
Deseje-me boa sorte.
#DiárioSenhorEsquisito